O open finance no Brasil completou dois anos no dia 1º de fevereiro e a ocasião trouxe uma série de reflexões sobre como o sistema de compartilhamento de dados evoluiu. O projeto brasileiro ganhou reconhecimento internacional pelo alcance que obteve em tão pouco tempo.
Só no primeiro ano do open finance, o Brasil obteve feitos que o Reino Unido, considerado pioneiro na tecnologia, levou cinco anos para conseguir, como a marca de 5 milhões de consentimentos de usuários. O dado está no último relatório Global Open Finance Index, que estuda a evolução do ecossistema em 23 países.
De acordo com dados do Banco Central, mais de 15 milhões de clientes das instituições financeiras já estão inseridos no ecossistema. Os consentimentos ativos, número de vezes em que os usuários aceitam compartilhar seus dados, chegaram a 22 milhões em 2022.
No Brasil, mais de 800 instituições financeiras participam do open finance, incluindo os bancos, fintechs e as cooperativas de crédito. Segundo a avaliação do relatório, o país tem potencial para assumir a liderança global do segmento, podendo ultrapassar os britânicos já nos próximos dois anos.
Confira neste artigo um levantamento sobre o avanço do open finance no Brasil durante estes dois anos, além das principais características e expectativas do ecossistema para 2023:
O que é e quais as principais características do open finance?
A principal característica do open finance é a troca de informações entre instituições e usuários finais. Segundo o Banco Central do Brasil (BC), o Open Finance, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes permitirem o compartilhamento de suas informações financeiras entre diferentes instituições autorizadas, de forma segura, ágil e conveniente.
Com a permissão de cada correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam os dados autorizados pelos clientes. Todo esse processo é feito em um ambiente seguro e a permissão poderá ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser.
Além de inovações como o pix, o open finance gerou aquecimento do mercado de trabalho para profissionais qualificados. Por trás de todo esse ecossistema, há o Banco Central (BC), como indutor do processo ao estabelecer as regras e o cronograma que trazem uma grande mudança para o sistema bancário do Brasil.
Levantamento explica porque 2022 foi o ano do open finance no Brasil
O relatório “Open Finance Mega Report 2022”, produzido pela newsletter Let’s Open, em parceria com a Finansystech, traçou uma linha do tempo com fatos relevantes na trajetória da tecnologia no país, como a primeira experiência do mundo de open finance no Whatsapp, feita pelo Banco do Brasil e as principais publicações regulatórias de 2022, como as que permitem as fintechs de crédito a atuarem como iniciadoras de transações de pagamento.
A autorização, vinda do Conselho Monetário Nacional (CMN), é tida como uma das que têm mais potencial de promover inovações no sistema financeiro. Esse tipo de integração busca tornar a experiência do consumidor mais fácil e diminuir a fricção naquelas transações mais frequentes e rotineiras.
Segundo o estudo, projetos de open finance já movimentaram R$ 18 bilhões no mundo, e no Brasil, mais de 1,3 milhão de usuários já permitiram compartilhar seus dados transacionais com diferentes instituições financeiras participantes do ecossistema.
6 tendências para o open finance no Brasil em 2023
O Comitê do Open Finance prevê melhoras na performance do compartilhamento de dados, novas fontes cobrindo investimentos, seguros, previdência e câmbio, e um salto na questão da iniciação de pagamentos. Confira:
1 – Participação de bancos digitais
Os bancos digitais reúnem uma grande base de usuários altamente digitalizados, e que estão abertos a testar novos produtos que possam lhes trazer mais vantagens financeiras. Por isso em 2023 é esperado uma maior adesão dessas instituições ao Open Finance, impulsionando o ecossistema financeiro aberto.
Por ser um movimento encabeçado pelo Banco Central, apenas instituições reguladas tinham a obrigatoriedade de participar do compartilhamento de dados. Instituições financeiras independentes, como é o caso dos bancos digitais, tinham a participação opcional.
2 – Iniciação e pagamento variável recorrente (VRP)
Em 2023, espera-se que a iniciação de pagamento tome ainda mais forma, permitindo que os usuários iniciem pagamentos fora do ambiente da instituição financeira.
Além disso, já está no radar dos iniciadores o chamado VRP, do inglês Variable Recurring Payments, uma cobrança recorrente diretamente na conta corrente do usuário de acordo com o uso.
O VRP será um amplificador do potencial do PIX uma vez que traz mais simplicidade para o processo do pagamento. O consumidor poderá, por exemplo, deixar salva a pré-autorização de pagamento com o PIX em um e-commerce, assim como faz com seu cartão de crédito, facilitando na hora de pagar e diminuindo taxas de dropout.
3 – Dados de PJ
Até agora, o Open Finance no Brasil se concentrou nas pessoas físicas e o mundo PJ, devido a sua complexidade, acabou sendo despriorizado. Em 2023, a expectativa é que o mundo corporativo seja olhado mais de perto.
Uma vez que a infraestrutura de compartilhamento destes dados esteja pronta, será possível construir novos produtos de enriquecimento voltados para esta audiência. As empresas poderão emitir pagamentos corporativos de forma mais simples e ter maior acesso ao crédito.
4 – Dados de mais qualidade
Uma vez estabelecidos os requerimentos de compartilhamento, chegou a hora de garantir a qualidade dos dados compartilhados. Com isso em mente, o Comitê do Open Finance criou um grupo de trabalho dedicado para evitar que os dados cheguem na instituição receptora errados ou incompletos.
5 – Score de crédito mais justo (e mais barato)
Os dados do Open Finance permitem uma visão mais ampla da vida financeira do usuário, o que é especialmente importante para bancos e provedoras de crédito. Com dados de mais qualidade e novas fontes, as possibilidades de construção de novos modelos de underwriting e de scoring de crédito são imensas.
6 – Inclusão de novos players no escopo regulado
Finalmente, a expectativa é que em 2023 mais empresas que não sejam reguladas pelo Banco Central possam usufruir dos benefícios da regulação do Open Finance através de provedores de tecnologia.
Ter esta certeza regulatória permitirá que novos casos de uso que não são necessariamente financeiros sejam desenvolvidos e a população veja ainda mais benefício no Open Finance.
Para conhecer mais sobre as demais tendências do relatório, clique aqui.
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